A pesca de arrasto para camarões é uma das atividades mais prejudiciais realizadas nos oceanos, seja por produzir uma das mais altas taxas de captura incidental conhecidas, seja pelo distúrbio físico causado pelo contato das redes com o fundo. A proporção mundial de captura incidental desta pescaria é de 5 kg de peixe para cada 1 kg de camarão capturado como espécie alvo. Por isso, várias iniciativas internacionais estão sendo realizadas para mitigar esse impacto nas zonas costeiras e oceânicas, incluindo os estuários. Uma dessas iniciativas é o REBYC - II LaC, um projeto internacional financiado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

O principal objetivo deste projeto é estabelecer um conhecimento de base sobre a composição e abundância das capturas incidentais e desenvolver soluções tecnológicas e modificações de artes para reduzir o impacto desta pescaria no ambiente. Um dos parceiros do Projeto REBYC é a Agência Nacional de Operações Oceânicas e Atmosféricas (NOAA) no Mississipi (EUA), que fornece apoio técnico e treinamento para pesquisadores e pescadores envolvidos. O coordenador local do projeto (Felipe Dumont) REBYC - II LaC  realizou uma visita técnica durante 2017 e, depois disso, a NOAA Fisheries recebeu uma aluna de doutorado para um programa de treinamento, fortalecendo a colaboração com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e seu Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica (PPGOB). Com o objetivo de ampliar o intercâmbio científico entre a NOAA e a FURG, o especialista em artes de pesca, Daniel Foster, foi convidado a oferecer um curso para alunos e pesquisadores do PPGOB na FURG. Pescadores locais também foram convidados a participar, pois possuem grande conhecimento sobre a pesca e as artes de pesca.

O especialista da NOAA, Daniel Foster, é responsável pela certificação internacional da pesca de camarão, fornecendo assistência técnica aos países que pretendem exportar este produto para os EUA. Atualmente, a pesca brasileira de arrasto de camarão não é certificada para exportar camarão para os EUA e essa visita pode contribuir para mudar esse cenário. Os tópicos do curso variaram desde a história da lei de pesca no camarão até o comportamento dos peixes e sua influência na seletividade das redes. O curso foi ótima oportunidade para compartilhar experiências científicas e tecnológicas entre estudantes locais e um dos mais experientes especialistas em artes de pesca. Esta atividade ocorreu dentro do escopo de dois Projetos do PrInt / FURG: o  Bio / Geodiversidade e Bio / Geoprospecção em Ecossistemas Costeiros e Oceânicos, bem como Segurança Alimentar e Qualidade de Recursos Vivos Marinhos Costeiros e Oceânicos. O curso foi ministrado em inglês e contou com a participação de 15 alunos, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e técnicos.